quinta-feira, 23 de abril de 2009

Rostos, vultos e sorrisos...

Há muito tempo que eu não sentia isso. Entre milhares de rosto na multidão, um deles, um único, me fez falta. O mais irônico é o fato de eu nem saber como esse rosto é. Caminhamos e vivemos numa cidade fria, passamos por rostos desconhecidos todos os dias. Ontem um destes rostos me fez falta.

Não sei dizer nem seu nome, nem o que fazia. Mas a falta daquele rosto mexeu comigo. Não diretamente. A ausência dele tirou um sorriso. O sorriso de alguém importante pra mim. Eu quase deixei de sorrir também, mas se eu não sorrisse, quem sorriria? Ofereci-lhe meu ombro, meu abraço... foram aceitos... mas ineficazes...

Pela primeira vez, eu senti desespero. Senti-me encurralado. Impotente. Incapaz de devolver um mero sorriso ao rosto de outra pessoa. Senti uma vontade insana de quebrar as barreiras do tempo e trazer de volta aquele rosto desconhecido. Entendi pela primeira vez a fraqueza humana. O medo irracional da Morte.

Eu não tenho medo de morrer. A morte é apenas um desconhecido. E eu acredito: "Que mesmo que morra, meu espírito reencarnará como já fez mil vezes antes!" Não temo a morte daqueles próximos a mim, aprendi a lidar com a ausência das pessoas. Ao final das contas a Morte nada mais é que uma despedida indefenida. Mas comecei a temer a Morte, não minha, não dos que me são caros, mas dos que são importantes a meus caros. Não existe pecado maior que tirar a felicidade de alguém. Nada melhor que devolver o sorriso ao rosto de álguem!

Falhei em devolver o sorriso a ela. Mas não pude deixar cair o meu. Sorri para ela, disse que Eu estava ali, qualquer coisa que eu pudesse fazer, seria só ela pedir. Um sorriso tímido brotou de seus lábios. A carreguei, como um pai que leva sua filha favorita que dormiu na sala para a cama. Senti sua cabeça contra meu peito. Ela estava protegida de qualquer mau físico, mas não protegida de maus sentimentos. Não pude lhe tirar os maus sentimentos.

Pude apenas desviar a atenção deles. Fazê-la lembrar seus bons sentimentos. Ainda que momentaneamente. Tenho a impressão que assim que nos despedimos, ela voltou a prestar atenção na ausência daquele rosto desconhecido para mim. Isso me afetou. Mas jamais ao meu sorriso. Tenho pessoas que também notariam a falta do meu sorriso. Por elas, e principalmente por mim mesmo, não posso deixar de sorrir.

Escrevo-lhes essas palavras, para que lembrem... Lembrem que sempre, sempre e Sempre alguma pessoa será afetada pela falta do seu sorriso. Assumi comigo mesmo o dever de dar apoio a quem precisa. Se precisar conversar com alguém, pode falar comigo. Pode não ser muito, mas farei o que eu puder!

2 comentários:

The Beholder disse...

é... é interessante esse teu ponto de vista sobre impotência... força e sabedoria não podem resolver todos os problemas da humanidade...

acredite, eu não sei o que faria se eu fosse você... devolver o sorriso de alguém por algo tão trágico é uma tarefa ingrata...

Ankuro Heartless disse...

Pois é, nem força nem sabedoria...

Deve ter sido daí que surgiu a necessidade de Deus!